Neste momento conturbado de
transformação social pelo qual passamos, pessoas sensitivas parecem esponjas
energéticas e, muitas vezes, sentem vontade de desaparecer diante tamanha
exaustão. Ficamos isolados, pois nos sentimos mal diante o ódio e a intolerância
contidos nas notícias divulgadas de formas perversas pela disputa da razão. O
que parece uma simples discussão se transforma em algo com um peso extremo que
suga as nossas energias, pois conseguimos enxergar o que a razão não alcança,
apenas o coração sente, e como sente!
O juiz de direito, escritor,
tradutor e conferencista Haroldo Dutra Dias disse palavras sensatas e
consoladoras para o momento conturbado pelo qual passamos. Vale a pena
conferir:
Com relação aos que são intolerantes, nós precisamos exercer a
caridade. E não entrar nesse ciclo de intolerância.
Emmanuel tem uma frase belíssima que diz “A única voz que o orgulho
respeita é a voz da humildade. A única voz que a violência respeita é a voz da
paz e da brandura. ”Porque a violência não ouve a violência. O ódio não escuta
o ódio. A intolerância não escuta a intolerância. Por isso devemos evitar
retribuir o mal com o mal.
Mas uma coisa que mais me preocupa não é o intolerante com a gente ou o
intolerante com o outro, o que mais me preocupa é a nossa intolerância.
Administrar nossa própria intolerância. Porque hoje nós vivemos num mundo onde
as pessoas são estimuladas a ter ódio. Devemos ter cuidado com isso. Por
exemplo, hoje em qualquer roda de amigos, em qualquer conversa, se você não
tiver ódio de algum Partido ou de algum político você não entra na roda. Você é
démodé, meio que isolado. O chique é ter ódio e falar mal de algum Partido ou
de alguma iniciativa política. E a gente vê amigos destilando ódio nas redes
sociais. Mas será que nós vamos construir uma nova política com ódio? Será que
é assim? Não é assim.
As pessoas são estimuladas a ter ódio por gênero, por preferência
sexual, etc. É preciso tomar muito cuidado com isso. A gente deve ficar
vigilante do nosso grau de intolerância. Por que o outro é do jeito que ele é.
Amar o próximo e respeitar o outro é aceitar o jeito do outro. Eu não preciso
viver como ele vive, eu não preciso concordar com ele, eu só preciso
respeitá-lo. Esse é o antivírus da intolerância: Respeito. O respeito que constrói
a paz, o novo.
Eu acredito que nós vamos mudar a política no Brasil, a justiça, as
práticas administrativas, a condição social do Brasil… mas não acredito que nós
faremos isso com ódio. Só acredito nessa construção se ela for feita com
respeito e com paz. Isso é diferente de se posicionar. Posicione-se! Diga o que
é certo e o que é errado, mas sem ódio. A gente nunca viu Jesus agindo com
ódio. Mas ele preferiu morrer na cruz do que compactuar com os erros dos seus
contemporâneos. Essa é a grande diferença.
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