"O que nos mantém saudáveis e felizes enquanto passamos pela vida?" (Robert Waldinger)

“O que nos mantém saudáveis e felizes enquanto passamos pela vida?" (Robert Waldinger)

"Não há tempo, tão curta é a vida, para discussões banais, desculpas, amarguras, tirar satisfações. Só há tempo para amar, e mesmo para isso, é só um instante." 

Em uma palestra, disponível no Youtube, o psiquiatra e professor Robert J. Waldinger, de Harvard Medical School, discorre sobre a mais longa pesquisa feita sobre Felicidade, e nos alerta para os pilares que sustentam nosso bem-estar ao longo da vida.

Se você fosse investir agora no seu melhor "eu" futuro, a que dedicaria seu tempo e energia?

Robert relata que em uma pesquisa feita com a geração Y, onde foi perguntado quais eram seus objetivos mais importantes na vida, a maioria (80%) disse que era ficar rico. E muitos também disseram que era ficar famoso.

Mas será que é a realização desses objetivos que tornam as pessoas mais felizes e saudáveis?

O estudo de desenvolvimento adulto, de Harvard, tem a resposta. É o estudo mais longo sobre a vida adulta que já foi feito.

Durante 75 anos, esse estudo acompanhou as vidas de 724 homens, questionando sobre vida profissional, vida pessoal e saúde, sem saber como seriam suas jornadas.

Hoje, aproximadamente 60 dos 724 homens originais ainda estão vivos e participam do estudo. A maioria está na casa dos 90 anos.

Robert é o quarto diretor nesse estudo. Ele disse que, desde 1938, o estudo acompanhou a vida de dois grupos de homens. O primeiro grupo acompanhado era de jovens que estavam no segundo ano da Universidade de Harvard. E o segundo grupo acompanhado era de jovens dos bairros mais pobres de Boston. 

Todos esses adolescentes foram entrevistados quando entraram no estudo, inclusive seus pais, e fizeram exames médicos. E então se tornaram adultos que seguiram diversos caminhos na vida. Tornaram-se operários, advogados, pedreiros, médicos, etc. Alguns desenvolveram alcoolismo, outros poucos sofreram de esquizofrenia. Alguns ascenderam socialmente e outros fizeram esse caminho na direção oposta. 
Os fundadores dessa pesquisa nem nos seus sonhos mais loucos imaginariam que esse estudo ainda continua até hoje. A cada dois anos, uma equipe contata esses homens para saber se podem enviar-lhes mais um pouco de perguntas sobre suas vidas. 

Para ter uma ideia melhor da vida dessas pessoas, não foi usado apenas questionários. Eles foram entrevistamos em suas casas. A equipe do estudo pegou suas informações médicas com seus médicos e, ainda, tiraram sangue, escanearam seus cérebros, falaram com seus filhos e os filmaram conversando com suas esposas sobre suas maiores preocupações. E quando, há uma década, finalmente perguntaram às esposas se elas se juntaria como membros do estudo, muitas disseram: "Sabe, já estava na hora." Então, o que foi aprendido?

As lições que foram extraídas das dezenas de milhares de páginas de informações geradas sobre essas vidas não são sobre riqueza ou fama, ou trabalhar muito. A mensagem mais clara que foi tirada desse estudo de 75 anos é esta: Bons relacionamentos nos mantém mais felizes e saudáveis. Ponto final. 

Essa pesquisa nos ensinou algumas grandes lições sobre relacionamentos:

Conexões sociais são muito boas para nós, e a solidão mata. 

As pessoas que estão mais conectadas socialmente com a família, amigos e comunidade, são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais do que as pessoas que têm poucas conexões. 

A experiência da solidão é tóxica. Pessoas que são mais isoladas do que elas gostariam, descobrem que são menos felizes. 

Casamentos muito conflituosos por exemplo, sem muito afeto, podem ser muito ruins para a nossa saúde, talvez até pior do que se divorciar. 

Viver em meio a relações boas e reconfortantes nos protege.

Não foram os níveis de colesterol de meia idade que previram como os homens do estudo iriam envelhecer. Foi o quão satisfeitos estavam em seus relacionamentos. 

Relacionamentos bons e íntimos parecem nos proteger de algumas circunstâncias adversas do envelhecimento.

Homens e mulheres mais felizes em uma relação relataram, aos 80 anos, que nos dias que tinham mais dor física seu humor continuava ótimo. Mas as pessoas que estavam infelizes nos seus relacionamentos nos dias que tinham mais dor física ela era intensificada pela dor emocional.

Relações saudáveis protegem não apenas nossos corpos, mas também nossos cérebros. 

Esses relacionamentos bons não têm que ser tranquilos o tempo todo. Alguns dos casais octogenários do estudo, podiam discutir um com o outro dia sim, dia não, mas contanto que sentissem que poderiam contar um com o outro quando as coisas ficavam difíceis, as discussões não prejudicavam suas memórias. 

E você? Seja qual for sua idade, que tal buscar o que os relacionamentos têm a oferecer? Uma vida boa se constrói com boas relações.

"Não há tempo, tão curta é a vida, para discussões banais, desculpas, amarguras, tirar satisfações. Só há tempo para amar, e mesmo para isso, é só um instante." Mark Twain. 





Comentários