Amor romântico x crescimento espiritual


Assim como tudo na vida, a paixão tem seu lado bom e ruim, e talvez por causar algumas alterações físicas e psicológicas, normalmente não dura mais que dois anos.  As alterações podem ser tão intensas que ninguém conseguiria sobreviver a uma paixão por muito tempo, por isso ou ela acaba ou se transforma em amor. O lado tormentoso é bastante divulgado, mas vamos destacar o lado mágico.
A paixão tira a alma do estado de tranquilidade, da morosidade e a agita, fazendo com que sinta-se mais “viva”. Nesse estado, mesmo pessoas muito desenvolvidas são capazes de superar-se. Constantemente ouve-se a frase “Você faz com que eu me sinta uma pessoa melhor”. É verdade! A paixão faz parte do crescimento espiritual.  Mas para que esse estado perdure, precisa se transformar em amor.
Se a paixão é dada pelas "flechadas de Eros", a capacidade de amar é aprendida. E para se desenvolver é preciso conseguir enxergar o outro além de si mesmo, fora de qualquer padrão idealizado. E, antes de tudo, aceitar-se para que consiga aceitar o outro.
 “A finalidade espiritual do relacionamento é capacitar a alma a revelar-se a si mesma e a buscar o outro permanentemente para descobrir sempre novas perspectivas no outro ser."
O romance é como uma viagem, onde desbravamos o universo da outra alma, que por sua vez revela a nós mesmos. Viajamos para outro mundo (alma) onde vivemos na excitação da descoberta de coisas novas, e ao mesmo tempo, recebemos a outra alma em nosso mundo e temos o prazer de revelar nossas coisas “velhas”.  É isso que sustenta o romance. Mas essa ação tão forte nos primeiros anos do relacionamento perde sua força após um tempo, pois criamos a ilusão que já conhecemos a outra pessoa e, consequentemente, que também já nos conhecemos o suficiente. 
Mas não há limites para nossa própria revelação, assim como também não há limites no desbravar o outro! Sendo a alma eterna, não existe um ponto em que nos conhecemos totalmente e muito menos ao outro, mesmo porque estamos em constante mudança. O que acontece é o desinteresse de uma das partes, ou de ambas as partes, em continuar a mergulhar dentro do que já é conhecido.
Mas vale a pena amar?
O amor romântico ativa o desejo de crescimento espiritual. O amor direcionado ao ser amado nos desenvolve através do nosso próprio conhecimento de forma incomum.  A força da união com outro ser reproduz o êxtase, em pequena escala, da união com o todo, da união com Deus. Talvez daí venha o medo da perda de um pedacinho do paraíso já conquistado junto a quem ama.
Por isso, dentre todos os tipos de amor, o amor romântico é talvez o mais desafiador, pois é o que mais propicia ao crescimento espiritual, no caminho da superação de nós mesmos.


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