Vícios da alma


“Ato repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem.”

Costumamos relacionar a palavra “vício” somente ao consumo de drogas ilícitas ou lícitas, ignorando os vícios ainda presentes, seja em maior ou menor grau, em todos nós, como aqueles que alimentamos de forma desequilibrada e ilusória o ego (inveja, orgulho, maldade, angústia, etc.).
 
A inveja é alimentada por um dos mais maléficos hábitos, a intriga, mais conhecida como fofoca.  Quando não estamos satisfeitos com nós mesmos e com a vida que levamos, ao invés de nos elevarmos vibrando otimismo, rebaixamos o outro, no intuito de nos sentirmos um pouco melhores. A inveja pode até não matar, mas certamente adoece. Vibrar ódio espalhando rancor pode destruir a vida de muitas pessoas, mas também nos degenera.

O orgulho não afasta de nós somente as outras pessoas, ele nos afasta, principalmente, de nós mesmos. Pois não há crescimento moral, ou espiritual, sem o relacionamento com o próximo. É impossível conviver sem perdoar, pois somos todos suscetíveis ao erro.  Relacionar-se tem um preço, e a moeda tem dois lados.

A maldade, essa alimenta tanto o ego em desequilíbrio que é quase impossível não se viciar ao experimentá-la. Até nos darmos conta que a vingança é o veneno que tomamos na esperança que o outro morra, já nos envenenamos o suficiente para nos lançarmos no árduo caminho da desintoxicação da alma.

A angústia, de todos, é talvez o mais viciante. Pois o maior desafio não é ajudar alguém, ou a nós mesmos, a sair do fundo do poço, e sim parar de desejar a situação difícil, a tristeza profunda, uma vez mergulhados nela.  “Todo desejo é manancial de poder.” Tudo o que desejamos atrai, vem ao nosso encontro. O problema é que a maioria das coisas que desejamos nos atormenta. E a posição de vítima, de “coitadinho”, é mais bem vista do que a do “malvado”. Mas na primeira posição também roubamos energia, e de uma forma bastante covarde, embora nem sempre consciente.

Os vícios que precisam ser realmente combatidos são esses da alma, pois são as causa dos efeitos conhecidos como vícios que alimentam o corpo. São velhos hábitos sentimentais que carregamos de uma forma tão natural que nem percebemos, mas que precisam ser educados. Devemos aprender a satisfazer nossos desejos de forma equilibrada, sem nos prejudicarmos e sem prejudicar os semelhantes, lembrando que o limite da saciedade do próprio ego termina onde começa o respeito pelo próximo.

Abandonar o hábito do vício e buscar o seu oposto, a virtude, é um desafio diário. O primeiro derruba e o segundo eleva. Que o conhecimento nos tire do chão para que possamos voarmos juntos rumo à luz do infinito aprendizado.
 
 




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