No acelerado ritmo da vida que a sociedade nos impõe, presos pelas
grades ocultas do consumismo exacerbado que faz girar o ciclo econômico, temos
a constante impressão de “perda de tempo” quando não estamos sendo produtivos.
Saindo um pouco da “realidade” material em que nos encontramos, onde
medimos o tempo por algo que corre, definindo passado, presente e futuro,
verificamos que o tempo não flui, ele simplesmente é. Porém, apesar de algumas
hipóteses afirmarem que o tempo não é linear, como num filme com
começo, meio e fim, é assim que o vivemos, pois nossa natureza não consegue
registrar todos os acontecimentos num só momento. Imagine tudo acontecendo ao
mesmo tempo, desde o seu nascimento até a sua morte. Impossível imaginar, por
isso “criamos” o tempo.
Mas, retornando ao curso, que passou longe do foco dessa visão mais
relativa, voltemos à pergunta, o que é perda de tempo? Permitir o ócio, como o
modelo social tenta (e consegue) nos impor? Fazer o que não é produtivo? Fazer
o que dá prazer? Ou seria o contrário?
Perder tempo está relacionado à realização, ou falta dela, dos nossos
valores culturais e inatos. Está relacionado a uma satisfação individual.
Embora os objetivos sejam parecidos entre todos em vários aspectos, são sempre
distintos como um todo. Escrever uma crônica, por exemplo, pode ser perda de
tempo para alguns e ganho de tempo para outros. Assistir a um jogo de futebol
pode ser ganho de tempo para uns, e perda de tempo para outros. Conversar com
alguém e aproveitar o momento, pode ser ganho de tempo para uns e perda de
tempo para outros que não conseguem vislumbrar um objetivo, uma realização
consequente do ato. Por isso nos afastamos e nos aproximamos das pessoas,
dirigidos por nossos conceitos de realizações do que almejamos, no decorrer do
nosso precioso tempo.
Se existisse uma máquina do tempo e pudesse escolher viajar para o
passado, futuro, ou continuar no presente, o que você faria?
Eu gostaria de permanecer no presente, pois esse é o meu grande desafio.
Sinto-me bem e realizada quando consigo permanecer, mesmo que por minutos, no
presente e focar só naquele, ou nesse, momento. Pois normalmente ou bate a
angustia, onde a mente me leva ao passado, ou a ansiedade, desejando
e imaginando os possíveis e impossíveis acontecimentos futuros. A mente está
sempre “lá”, dificilmente está “aqui”. Nesse momento em que escrevo ela está
aqui, assim como nos momentos em que estou envolvida em outros tipos de arte,
nos momentos em que estudo para me autoconhecer, e nos momentos em que converso
com pessoas que gosto e que consigo absorver conhecimentos, e que também me
absorvem e desejam minha presença. Nesses “tempos” consigo me
presentear, vivendo meu presente. Uma grandiosa e trabalhosa dádiva, onde não
me vejo perdendo tempo, e sim ganhando.
Outra questão é a ilusão de acharmos que o tempo nos falta, sendo que o
que falta é uma definição das nossas prioridades, na descoberta do que
realmente nos importa, do que queremos construir, não fora, e sim dentro do
nosso ser.
E para você, o que é perda de tempo? Vale a pena uma reflexão para a definição das prioridades e construção de uma nova vida.
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