Vivências da alma


Assim como a mente humana não é capaz de acessar todos os planos espirituais (ou dimensões) que coexistem, apenas o plano visível aos olhos da matéria, também não consegue acessar a memória de todas as existências já vividas pela alma. Pois se fôssemos capazes de acessar todas essas informações ao mesmo tempo, perderíamos a razão, e não viveríamos conforme a lei do aprendizado pelo agora e pelo esquecimento. Dentre os propósitos, destacam-se a capacidade de perdoar e a capacidade de afirma-se como uma personalidade para interagir, ou se relacionar, com o meio em que vive.

A dádiva do esquecimento nos leva a conviver, e deixar o amor acontecer, com nossos possíveis desafetos do passado. É como florescer um jardim sobre o que antes eram apenas pedras. 

Apesar da alma ser eterna, a personalidade, ou seja, o conjunto de qualidades que definem a individualidade de uma pessoa, é única, embora mutável sempre para melhor. O que já se conquistou não se perde. A caminhada, assim como o aprendizado, é contínuo. Os personagens que precisam existir para habitar o palco da vida mudam, mas o ator não. Não somos os mesmos de outras existências corpóreas, assim como não somos os mesmos de 10 anos, ou de 1 ano atrás, por exemplo. Somos o somatório de todas as experiências numa única essência, ou consciência, que jamais se perde.

Nos esquecemos de tudo que já fomos e já fizemos, salvo algumas exceções, quando "embriagados" na matéria, para termos a oportunidade de recomeçar, de vivermos uma programação, ou reprogramação (os programas existem exatamente para serem alterados quando quisermos, senão seria determinismo e não livre arbítrio). Mas temos gravado na consciência tudo o que já conquistamos, o que forma nossa moral. E mesmo que não lembremos o que já fizemos, sempre intuímos.

Algumas pessoas, talvez devido à época em que vivemos, têm a impressão de possuírem “vários tons” de personalidade. Por serem mais sensíveis, apenas expressam de uma forma mais intensa todos os sentimentos que temos guardados em nós. Como se vivêssemos quase que ao mesmo tempo as belezas e os horrores, as alegrias e as dores. Mas, mesmo com dificuldade de se afirmarem, não deixam de serem únicas. Não importa quem fomos, nem quantos personagens já vestimos, ou quantos corpos já habitamos, apenas o que fizemos, as experiências pelas quais passamos, e o que aprendemos com elas.

E as experiências se formam através dos relacionamentos. Assim como temos círculos de familiares e amigos, temos um círculo de almas simpáticas que nos acompanham no processo evolutivo. São aquelas que consideramos especiais, que despertam o melhor de nós. Esse encontro, ou reencontro, não está predeterminado. As almas afins se atraem por vibrarem na mesma sintonia. Como a frequência não é constante, a vibração também se altera. Daí os encontros e desencontros. Mas, uma vez que o amor acontece, uma vez que ele se faz entre as pessoas, não deixamos jamais de senti-lo. Não somos capazes de extingui-lo, pois não possuímos o amor, é ele que nos possui.  

 
 



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