Será que viver apenas com a paz do
verdadeiro amor, sem as fortes emoções da paixão, é levar uma vida morna
demais? Se realmente for, pelo menos não há risco de se queimar.
Já o amor se constrói no cultivo
diário, o que é muito mais trabalhoso do que a conquista de uma paixão, nos
colocando à prova, principalmente, nos momentos de dor. Revela-se na tristeza
levando alegria, na doença em busca da recuperação da saúde, na “falta” de algo
e não no preenchimento.
Ao contrário da paixão que se revela
quando nós precisamos do outro, o nosso amor é revelado quando é o outro que
precisa de nós. Por isso não existe amor onde não há doação.
Amor normalmente fica escondido por
trás dos gestos de cuidados, perceptíveis apenas pela sensibilidade das almas
que amam. Como uma massagem nos pés após um dia cansativo, uma
"perturbação" que demonstra o quanto se importa, o cuidado para não
ultrapassar limites, a grande preocupação em um simples "se cuida" ou
"fica bem".
Nem toda paixão se transforma em
amor. O amor é um fluir que surge apenas onde não há enganações nem
dissimulações. É a genuína vontade de se entregar. É passar por cima do próprio
ego para ter coragem de se declarar, vivenciar e cultivar laços, o que é
difícil eu um mundo onde as paixões passageiras predominam.
Paixão é a magia da natureza para que
haja o "crescei e multiplicai-vos". Uma chama que incendeia a vida,
mas com hora certa para apagar.
Já o amor, esse quando nos escolhe vem sem hora marcada, é uma chama
serena que jamais se apaga.
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