Equilíbrio entre doação ao próximo e amor-próprio



Às vezes é complicado entender o equilíbrio entre doação ao próximo e amor-próprio. Ao assistir uma palestra sobre “Aprender a se amar sem egoísmo”, pude refletir um pouco melhor sobre o tema.   

Muitos de nós temos dificuldades de desenvolver o amor-próprio, pois, normalmente, crescemos em doutrinas muito castradoras, que pregam, por exemplo, o “negar a si mesmo para se entregar a Deus”. Mas as pessoas não se dão conta que isso não está no Evangelho. Optar por Deus é encontrá-lo dentro de nós mesmos.

Não devemos confundir o amor-próprio com egoísmo. O egoísta é aquele que trabalha somente para si, para satisfazer os próprios desejos. Já as pessoas com amor-próprio trabalham o desenvolvimento moral para se tornarem melhores, para expenderem luz.

Quando descobrimos que precisamos nos amar, compreendemos que os sacrifícios que nos impomos são desnecessários e prejudiciais, pois são de natureza masoquista. Servir constantemente a quem nada nos acrescenta, onde não há reciprocidade, pode nos levar a sérias doenças. 


Apesar de tanto sofrimento que vemos e passamos, não estamos nessa vida para sofrer e sim para triunfar. Estamos nesse mundo para vivermos em plenitude. Para vivermos as profundas emoções do amor. Para vivermos a alegria que promove a nossa saúde.
Devemos ter consciência que ainda não é possível amarmos a todos igualmente. Não conseguimos amar quem nos perturba da mesma forma que amamos quem nos ajuda. As pessoas simpáticas e solidárias nos estimulam, enquanto que as pessoas antipáticas nos colocam para baixo. Cabe a nós mesmos, de acordo com o nível de amor-próprio, escolhermos o tipo de pessoas que desejamos ter por perto.

É preciso enfrentar o desafio de nos penetrarmos profundamente no interior do nosso ser. E apenas nos conhecendo a compreendendo que somos seres imperfeitos, com todo direito de errar, também damos esse direito ao próximo, sem mais idealizar ninguém.
Ao desenvolvermos o amor-próprio, encontramos o equilíbrio entre o narcisismo egoísta e a baixa estima. O equilíbrio entre “não vou me relacionar profundamente porque ninguém é bom o suficiente” e “não vou me relacionar profundamente porque eu não sou bom o suficiente”.

Que possamos nos doar ao próximo na medida em que não fira nosso amor-próprio, sem medo de amar e de errar. A vida então fluirá de forma muito mais leve e saudável.
 



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