E se chovesse amor? (A ditadura narcísica)



Ultimamente, chove muito ódio e intolerância. Os guarda-chuvas ficam guardados nas prateleiras da compreensão, enquanto as pessoas preferem se molhar das águas ácidas.

E quando a chuva dá uma estiada e o céu se abre vencendo o tempo nublado, alguns ficam com medo de escolher entre o sol, a lua e as estrelas. Pois são julgados pelo livre-arbítrio de escolher e julgados também pelo livre-arbítrio de não escolher.

Toda ação, ou falta dela, gera consequências. Porém é muito difícil ser julgado de “não ser mais um adorador do Universo”, simplesmente por não escolher um astro em específico. Você não é mais julgado pelos seus atos e boa conduta e sim por pensar igual ou diferente. Mais difícil ainda é escolher um astro e correr o risco de ser torturado psicologicamente pelos outros. Pois eles lutam pelas mesmas causas e temem os mesmos fantasmas, porém em diferentes lados.

Mas eles não conseguem enxergar isso. Não há uma visão “de fora”, apenas de dentro. Talvez “Deus” esteja realmente fora do Universo, só observando a bagunça causada pelas diversidades que ele mesmo criou. E deve ser bem divertido para quem está de fora do palco da existência. O peso só cai sobre os atores que encenam o grande espetáculo da vida.
E se chovesse amor? Você ficaria na chuva para se deixar “molhar”? E se chovesse empatia? Ficaria para se encharcar e conseguir se colocar no lugar do outro?

Conseguiria conviver com os que não pensam como você, sem rotulá-los de malvados ou ignorantes? Ou correria para pegar o guarda-chuva?
Fique tranquilo(a). Não precisa escolher agora. Ainda estamos no período de seca de amor. Estamos no período que precisamos utilizar das metáforas para não agredirmos e nem sermos agredidos (ou torturados psicologicamente) pela simples revelação dos nossos próprios pensamentos. Já estamos na ditadura narcísica e nem percebemos.

Mas um dia o amor maior que há em cada um de nós, conhecido pela psicologia analítica como “self” irá se sobrepor ao ego. Descobriremos, através da autoconsciência, que somos todos uma mesma “nuvem”.

Aí sim, recordaremos e faremos brilhar nossa luz interior para que chova amor por todos os lados, por todos os cantos, sem polarização, vindo de cada coração



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